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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cifras do Sexo!


Foto/zdeneeck
SEXO, TRABALHO E PRAZER!
Olhos pintados e bocas com a cor do pecado. Prostitutas recebem a estudante de jornalismo e educadora, Flávia Lucena, em seu quarto, e exibem as paredes que cheiram o mercado do sexo.
Évily, Dandara, Mariana, Lua e Gaga, mulheres destemidas, com nomes de guerra diferentes e estórias que se cruzam pela necessidade da sobrevivência.
O quarto de Simone Brazil é um cênico retrato, revelado pelo filme do cotidiano de mulheres profissionais que vendem fantasias em troca de moedas reais.
Brazil, como adora ser chamada, é uma prostituta de 23 anos, com 10 de cais, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, município com mais de 200 mil habitantes.
A prostituta conta que no dia a dia, lida com homens negros e brancos com disfarces e necessidades diferentes. Uns com uma puta vontade de xingar e maldizer as  esposas, outros de conversar sobre o dia de trabalho, a situação profissional e a maioria  aparece para brindar o dia. Mas, o principal motivo dessa procura insana é a necessidade que devora esse ser, predominando as entranhas da virilidade masculina, a de jorrar seu líquido viscoso e de cheiro forte, na fêmea que se abre resmungando o desejo de sair voando sem dizer a quem, apenas porque ali nem todas  gostariam de estar.
Deitar-se com os homens e algumas mulheres que uma vez ou outra aparecem no bar, não incomoda Simone, pois à noite antes de assumir e se vestir com o personagem “Eva Mordida”, nome de guerra dado por suas colegas.
Antes de assumir Eva, ela se dopa com licores e algumas drogas que não lhe fazem tanto mal quanto seria se não as consumissem, já que a bebida lhe faz ser o que lhe for menos doloroso. Mordida, logo baila o salão, com peruca indiana e vestido florido, os calçados, um brinco acompanhados de meias no mesmo tom. Os adereços, bijuterias baratas, compradas nos bancos de feiras de uma cidade qualquer. Mas, no seu corpo tudo parece leve e atraente, é o que se comenta entre um copo de cachaça e garrafas de vinho de qualidade duvidosa, consumidas ansiosamente pelos clientes do bordel. “Quando saio do quarto, sou só uma profissional. E dou o que querem e pego o que preciso. É apenas uma troca”. Contou Simone com firmeza nos lábios e ainda acrescentou: “ser puta não é tão ruim como as pessoas acham. Aqui, a gente come, têm lugar pra dormir, bebe demais e ainda sai com dinheiro”, riu. Cássia, colega de quarto da Simone, que ouvia nossa conversa, disse que não gosta de ser mulher de vida fácil, principalmente porque são vítimas dos maus tratos dos homens, que só despertam suas fantasias eróticas quando as machucam sexualmente. “Uhh!, vida fácil que nada, só eu sei o que passo. Até o cheiro deles me deixam mal”, com gestos de nojo e repulsa. cuspiu “Cássia boca nua”, apelídio, também  dado pelas colegas, porque é desprovida dos dois dentes da frente.
Vítimas dos plurais da violência, as prostitutas revelam que o dia a dia as ensina a se defenderem, dando o troco com a mesma cédula, peitando cabras machos, que chegam de todo jeito, pensando que é a casa da mãe Joana. Sendo elas, seu próprio Kevin Costner, o guarda costas.
Depois de horas de embriaguez, as anfitriãs negociam o sexo. Apresentam ao “dono da vez”, o cardápio da casa, com preços e condições: “trinta e cinco é o programa. Sexo anal, vaginal e 
oral. Não faço sem preservativo. Se quiser dormir comigo paga uma diária que custa cem reais. Não beijo na boca e nem passo o telefone” Muitos odeiam quando a gente diz que “boquete só com camisinha”, chegam até cancelar o programa. Elas revelam que os clientes afirmam que é como chupar o confeito com papel, não tem gosto. Eles oferecem vantagens. Isso acontece mais 
com homens casados, que ainda mentem, dizendo que aquela é primeira vez e que nunca esteve com uma puta de bordel. As moças da casa gritam do outro lado do camarim (cortina que divide o espaço) “claro que é mentira”. Encerro Eva Mordida sorrindo voltou ao seu posto, sendo solicitada pelo cliente soado que bate ao seu quarto.

Pude fisgar ao longe, o fechamento do ciclo cotidiano de uma dama da noite, que logo após rodadas de cerveja pagas, elas se despedem do salão, lançando-se nas mordaças das fronhas babadas por muitos fregueses. Atrás da porta que se fecha ao som da dobradiça velha e enferrujada se mostram as ordens do ofício de PROSTITUTA anunciados pela fresta encontrada em algumas paredes do lugar.
As sacanagens estão espalhadas por toda parte. Muitas vezes dão folga para o afeto. Também observei que as mulheres de cabaré, são cortejadas como rainhas nos palacetes de seus sonhos e esperanças de um dia encontrar o príncipe encantado quem sabe um gringo,um chefe de turma,um engenheiro ou um mestre de obras. Amanhã será mais um dia...
Por solicitação dos senhores donos das "casas de lazer", não será possível apreciação de nenhum registro fotográfico.

Por
Flávia Lucena

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